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sábado, 17 de maio de 2014

A idade, o tempo e a vida...

Parece-me que ainda o outro dia olhava para os meus pais sem me preocupar minimamente com a idade deles. Pareciam-me eternos. Vivia a fase em que, quando me perguntavam quantos anos tinha me apetecia sempre acrescentar um ou dois anos à idade real. Ou então, sem mentir, dizia: tenho quase 12, ou tenho quase 14 anos. E fazia-o com a facilidade de quem tinha pressa de ser adulto, convencido de que, com uma simples data, adquiria (por decreto) um estatuto superior… ou um nível acima. Que afinal me ocuparia tantos anos a subir, pensava eu.
De repente, tirei a carta de condução, tirei o meu curso, cumpri o serviço militar obrigatório, comecei a trabalhar, casei e fui pai de dois maravilhosos filhos.
Simultaneamente, passei a assumir com naturalidade, mas com mais cautela, a minha idade real… mas agora querendo fazê-la durar todo o tempo a que sentia ter direito e sem pressas.
Depois passei rapidamente por aquela idade em que ainda tinha o privilégio de olhar para cima  e ver o meu pai vivo mas a necessitar de uma atenção especial devido à sua doença e à sua idade… e para baixo, para os meus filhos que tendo já entrado na sua idade adulta não deixaram de me trazer as naturais preocupações de um pai sempre presente. Foi aquela idade em que me senti entalado e a correr entre os filhos e os pais, na ânsia de chegar e de estar para todos com a mesma intensidade.
Foi talvez a idade mais difícil para mim, aquela em que ajudamos uns a crescer e outros a morrer... 
Este balanço entre duas realidades tão opostas deveria remeter-nos para a brevidade da nossa existência e relativizar as nossas prioridades.
Sempre ouvi dizer que: “quem de novo não morre de velho não escapa”! Mas… caramba, não gosto mesmo nada de me ver a envelhecer e não aprovo nada a ideia de morrer já. Que dilema! 
Depois vem este chato do José Saramago no seu livro "As Intermitências da Morte", que tentei ler até ao fim mas, mais uma vez, não consegui. Mesmo assim ainda deu para me aperceber que ele vai divagando sobre a morte, a vida, o amor e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência. Para ele (e neste aspecto concordo) a morte é não só uma inevitabilidade da vida como irrevogável, a bem do equilíbrio. Aqui o termo irrevogável não tem nada a ver com o conceito trazido por Paulo Portas :-).

Cheguei assim a este ponto da minha idade em que passei a considerar que o ideal seria viver cada dia como se fosse o último e com a convicção de que não teremos o dia seguinte para corrigirmos o que hoje fizermos de errado. Até por que a idade (como alguém disse) é: “algo tão fugaz na vida de cada um de nós que o melhor é chamar-lhe presente e acreditar que tem a duração do instante que passa…”

3 comentários:

  1. Muito, muito.... BONITO
    1 abraço
    MAFreire

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  2. Obrigado MA Fre(i)re). Gosto de te sentir por aqui, sempre atento aos meus "delírios". Um abraço

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  3. É a geração sandwich.

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